lunes, 5 de octubre de 2009

A descoberta de uma nova espécie de besouro

Não era um Fusca comum. Não podia ser. Esse é o carro mais vendido do mundo, mas tenho certeza que nem na época dos “Tipo 12” e “Tipo 32”, protótipos que mais tarde deram origem ao fuca, eles eram assim. Se os primeiros produzidos pela Volkswagen não eram, lá na década de 30, o último produzido no México em 2003 também não. O automóvel só podia ser engenho de uma mente única. Mais focada que Ferdinand Porsche e seu escritório quando foram escolhidos a dedo por Hitler como os responsáveis pelo projeto do carro em 1933. Focada em uma cor: lilás.

De longe a pintura metálica do carro refletia o sol forte. Quase ofuscava. “Um besouro gigante de metal... e roxo”. Não. Era um fusca mesmo. Mas um fusca bem diferente. A lataria impecavelmente polida era lilás, assim como as calotas. Mesmo os pneus tinham uma faixa da mesma cor na lateral. Por dentro o carro não era monocolor. Só eram lilases o volante, o painel, o porta-luvas, o câmbio, o retrovisor, os dados pendurados no retrovisor (mas as bolinhas eram brancas), as alavancas de levantar e abaixar o vidro e tudo mais que não fossem os bancos. Esses eram de couro, branco. De original só a folga no volante, que já vinha de fábrica. Sobre o branco banco de trás, uma agenda lilás, uma caneta roxa e um casaco de malha da mesma cor. Coincidentemente o carro estava estacionado em frente a uma escola de dança, também pintada de lilás.

Hitler fez seis exigências para o projeto de carro popular da Alemanha. O carro tinha que conseguir carregar dois adultos e três crianças (uma família alemã da época, e Hitler "não queria separar as crianças de seus pais"). Deveria poder alcançar e manter a velocidade média de 100 km/h. Não consumir menos do que 13km/litro. Ter motor refrigerado à ar, (muitos alemães não possuíam garagens com aquecimento), se possível à diesel e na dianteira. O carro também tinha que ser capaz de carregar três soldados e uma metralhadora. E o preço deveria ser menor do que mil marcos imperiais (preço de uma boa motocicleta na época). Se tivesse imaginado que alguém faria uma coisa dessas com esse veterano da segunda guerra mundial, teria acrescentado mais uma: “jamais permitir que o Fusca Volkswagen seja pintado de roxo, lilás ou fúcsia”. Por puro preconceito, claro.



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